6.3.12

Take me back to the start

“Você me tem fácil demais, mas não parece capaz, de cuidar do que possui. Você sorriu e me propôs que eu te deixasse em paz, me disse vai, e eu não fui.”

ㅤㅤCreio eu, que este foi o mais longo tempo, que fiquei sem escrever-te, toda semana, mesmo que fosse a ultima folha de um livro, ou caderno, eu escrevia (mas nunca enviava)... Eu escrevia sobre como você era insuportável, ou como eu era idiota por não conseguir afastar-me, ou então de como eu era covarde por sempre voltar atrás no que eu dizia, ou de como você era a coisa mais linda que já havia passado na minha vida até então. Eu sempre dizia a mim mesma que nunca mais iria atrás de você, mas era só você vir com um “oi” que eu ficava toda boba, “Você até parece um vício, que largar é quase impossível, exige muito sacrifício.” Pois é, eu esquecia tudo que havia prometido, e o que meus amigos haviam me aconselhado, meus amigos... Que sempre diziam que aquilo não iria dar certo, que eu iria machucar-me feio, por continuar cedendo, estavam certos, mas eu não os ouvia ainda bem que eu não os ouvia, eu sempre passava por cima de tudo, e não sei daqui há um tempo, mas até agora, eu não arrependo-me de nada, e com certeza faria tudo outra vez, cada vírgula, sem tirar nada, nem uma discussão que seja.
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ㅤㅤ“Já percebeu que em um minuto estamos rindo, e no minuto seguinte estamos brigando como se não houvesse mais volta, e depois estamos rindo outra vez e falando de como uma é importante na vida da outra?” Era isso que prendia-me à você, esse “poder” que tínhamos de em uma hora dizer coisas horríveis uma para outra, mas depois estávamos lá, como se não houvesse acontecido absolutamente nada.

ㅤㅤEu tenho amigos de infância, que na primeira briga que tivemos, nunca mais voltamos a nos falar como antes, nada foi como antes. Então eu penso assim que o tal “poder” que citei antes que tínhamos, era único, um em um milhão. Tal “poder” que eu acreditava ter só entre meus irmãos e meus pais, sabe aquela coisa de família, que uma hora briga, mas logo em seguida já estão se falando como se nada tivesse acontecido... Porque era essa, a única explicação para tudo isso. Por isso, e por muito mais que eu sinto falta até das discussões, por isso eu não mudaria nada do que nos aconteceu. E como diz o grande Humberto Gessinger: “Nós dois temos os mesmos defeitos, sabemos tudo a nosso respeito, somos suspeitos de um crime perfeito, mas crimes perfeitos não deixam suspeitos...“ E não deixam mesmo, somos a prova viva disso. Eu espero que aconteça com a gente, assim como na música “pra ser sincero” do Humberto Gessinger, “Um dia desses, num desses encontros casuais, talvez a gente se encontre, talvez a gente encontre explicação...” Seria pedir muito? Depois de tudo, isso seria o mínimo que o senhor “destino” poderia fazer por nós, o mínimo.

ㅤㅤOutro dia eu vi um trecho de um texto da Daniella F; e me vi totalmente nele, era exatamente o que acontecia comigo, era exatamente como meus amigos me viam em relação a você, era assim o trecho: “Ele é meu, mas eu sou tua. Todos sabem disso. Durante o meu choro eu só pensava que se fosses tu, a estar junto comigo, nem me perguntarias qual a razão para eu estar assim. Eu gosto dele, mas ele não és tu. “Ele não és tu”. Quantas vezes eu já repeti estas palavras! Quantas vezes eu já escrevi sobre isto? Não sei. Talvez muitas. Estar com ele, são tentativas de te esquecer. Tentativas que dão sempre errado.”

ㅤㅤÉ bem isso, até hoje, eu posso conhecer pessoas legais, educadas, pessoas de todos os tipos e gostos legais, mas não adianta, não é você ali, eu fico imaginando o que você diria daquela pessoa, se você iria dizer que o cabelo dela é horrível, ou que ele não sabe falar direito, essas coisas que você não consegue evitar comentar, sabe?! Agora que eu não converso mais com você, quando estou triste, meus amigos não conseguem entender o porquê da minha tristeza, mas poxa será que é tão difícil entender que eu sinto sua falta? E que isso não faz de mim uma idiota? Ou até faça, mas não adianta tentar explicar para eles, não adianta dizer que por mais que tudo parecia ser tão difícil de lidar, por mais que você fosse difícil de lidar, eu era igual, talvez eles não entendam por serem meus amigos e não confessar que eu sou um pé no saco igual. Mas qual a graça de pessoas fáceis de lidar? Sério mesmo, qual a graça... Eu não vejo graça em uma pessoa que abaixe cabeça para tudo que eu fale ou faça, que concorde com tudo, para que não tenha uma discussão, que saco! Com isso eu penso que se a pessoa não é uma banana, ela está com tédio de conversar comigo e está fazendo pouco caso de mim, haha. Mas é isto que eu tenho para dizer-te, posso até arrepender-me de escrever-te e acabar apagando, mas foda-se, hoje eu estou tão de boa comigo mesma, estou tão zen, que não vi mal algum em escrever-te. Mas enfim, até qualquer dia, minha amiga...

Flávia Faria.

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